FORMS
Filosofia da Natureza I
Manhã
Marcos Rosa
O tema central do curso é a natureza da mente. Ao longo do curso serão examinados os seguintes temas centrais: o problema mente/corpo, a distinção entre as concepções materialistas ou fisicalistas e as concepções dualistas, a natureza da consciência, a natureza da autoconsciência, o problema da identidade pessoal, a natureza da percepção e a distinção entre mentes racionais e mentes não-racionais.
Bibliografia Principal:
Chalmers, David J. “O enigma da experiência consciente”. Filosofia: textos fundamentais. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Descartes, René. Meditações Metafísicas. (Segunda Meditação e Sexta Meditação)
John McDowell. Mente e Mundo. São Paulo: Ideias e Letras, 2005.
Nagel, T. “Como é ser um morcego”. Cad. Hist. Fil. Ci., Campinas, Série 3, v. 15, n. 1, p. 245- 262, jan.-jun. 2005.
Williams, Bernard. “O eu e o futuro”. Filosofia: textos fundamentais. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Filosofia Moderna I
Manhã
Fabiano Lemos
Tema: A invenção do Sujeito e seus impasses.
Programa: O curso proporá uma introdução histórico-epistemológica à noção de sujeito na filosofia moderna. Além de uma breve reconstrução de alguns de seus antecedentes, as aulas se concentrarão na construção desse conceito no interior da filosofia kantiana, dando ênfase às suas transformações, sobretudo entre a Crítica da razão pura (1781/ 2ª ed. 1787) e a Crítica da faculdade do juízo (1790), ou, mais especificamente, entre os §§15-21 daquela primeira e a Analítica do sublime, na última. O curso também abordará os desdobramentos políticos dos conceitos de sujeito e subjetividade na passagem da filosofia moderna para a contemporânea.
Bibliografia inicial:
FOUCAULT, M., As palavras e as coisas, tradução de Salma T. Muchail, 8ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
HENRICH, D., Pensar e ser si mesmo. Preleções sobre a subjetividade, tradução de Markus Rediger e Lucas Machado, Petrópolis: Vozes, 2018.
KANT, I., Crítica da faculdade do juízo, tradução de Valério Rhoden e Antonio Marques, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995.
________, Crítica da razão pura, tradução de Fernando Costa Mattos, 4ª ed., Petrópolis: Vozes, 2012.
LIBERA, A. de, Arqueologia do Sujeito. Nascimento do Sujeito, tradução de Fátima Conceição Murad, São Paulo: Editora FAP-Unifesp, 2013.
MARTINS, C. A., “Autoconsciência pura, Identidade e Existência em Kant” In: Trans/Form/Ação, São Paulo, n. 21/22, 1998/1999.
MBEMBE, A., “O sujeito racial” In: Crítica da razão negra, tradução de Sebastião Nascimento, São Paulo: n-1, 2018.
Filosofia Social e Política I
Manhã
Daniel de Vasconcelos Costa
Objetivo Geral:
Introdução à filosofia política abordando autores clássicos da antiguidade e modernidade.
Objetivos específicos:
-
Introdução às questões da filosofia política;
-
Leitura de partes do A República de Platão;
-
Leitura de partes do A Política de Aristóteles;
-
Leitura de partes do Leviatã de Thomas Hobbes;
-
Leitura de partes do Segundo Tratado Sobre o Governo de John Locke.
Avaliação:
1ª Avaliação: Presença em sala de aula. A nota se dará de acordo com o percentual de presença em sala de aula dividido por 10. Exceções serão permitidas de acordo com a demonstração de necessidades particulares.
Ex.: 100% de presença = 10; 93% = 9,3; 71% = 7,1; 36% = 3,6.
2ª Avaliação: Realização de duas provas dissertativas, em sala de aula, em um dia pré-estabelecido, que consistirão em uma ou mais perguntas dadas no dia da prova. Será permitido consulta dos textos básicos na hora da prova. A maior nota dentre essas provas será a escolhida como a nota da 2ª avaliação.
Obs.: Não serão permitidos a consulta dos textos em mídia eletrônica.
Critérios da avaliação:
-
Adequação: o texto deve efetivamente corresponder ao tema do trabalho, com uso dos conceitos corretos, e abordados em sala de aula e nos textos da disciplina. [4 pontos]
-
Clareza: a linguagem deve ser compreensiva, sem o uso de terminologia confusa ou desnecessária. [2 pontos]
-
Coesão: as frases e parágrafos devem ser estruturados de forma a construírem um texto harmonioso. [2 pontos]
-
Entendimento próprio: o texto deve exibir o que o autor compreendeu do texto, sem o uso de citações diretas para descrever conceitos e paráfrases ou cópias do texto sem qualquer indicação. Estes dois últimos casos configuram em plágio, o que pode configurar invalidação do trabalho. [1 ponto]
Bibliografia:
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
HOBBES, T. Leviatã: ou matéria, palavra e poder de um governo eclesiástico e civil. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
LOCKE, J. Segundo Tratado Sobre o Governo e Outros Escritos: ensaio sobre a origem, os limites e os fins verdadeiros do governo civil. Petrópolis: Editora Vozes, 1994.
PLATÃO. A República. 15ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2017.
História da Filosofia Contemporânea III
Noite
Daniel de Vasconcelos Costa
Objetivo Geral:
Introduzir às questões centrais sobre a mente e às principais posições da Filosofia da Mente.
Objetivos específicos:
-
Introdução à problemática da mente e suas principais questões;
-
Apresentação à noção de intencionalidade como marca do mental em Brentano;
-
Mente como Substância: discussão do dualismo de substância em Descartes;
-
Mente como Comportamento: análise do behaviorismo como estratégia científica e simplificação ontológica;
-
Mente como Cérebro: apresentação da tese da identidade psicofísica de estados mentais como tipo cerebrais;
-
Mente como Sistema: discussão do funcionalismo como computação e estrutura causal;
-
Eliminação da Mente: discussão do materialismo eliminativista como radicalização da tese fisicista/fisicalista;
-
Mente como Descrição: análise do monismo anômalo e da tese da identidade de ocorrência;
-
Mente como Emergente: discussão acerca do naturalismo biológico e da mente como estrutura emergente do corpo biológico;
-
Discussão sobre a tese fisicista/fisicalista e sobre a tese de superveniência;
-
Análise do problema difícil da consciência;
-
Análise das diferentes abordagens de conteúdo mental;
-
Introdução da noção de mente 4e (estendida, enativa, incorporada/situada, e corporificada).
Avaliação:
1ª Avaliação: Presença em sala de aula. A nota se dará de acordo com o percentual de presença em sala de aula dividido por 10. Exceções serão permitidas de acordo com a demonstração de necessidades particulares.
Ex.: 100% de presença = 10; 93% = 9,3; 71% = 7,1; 36% = 3,6.
2ª Avaliação: Realização de uma prova dissertativa que consistirá em uma ou mais perguntas a serem dadas no dia da prova, a ser realizada em sala de aula, em dia pré-estabelecido. Será permitido consulta dos textos básicos na hora da prova.
Critérios da avaliação:
-
Adequação: o texto deve efetivamente corresponder ao tema do trabalho, com uso dos conceitos corretos, e abordados em sala de aula e nos textos da disciplina. [5 pontos]
-
Clareza: a linguagem deve ser compreensiva, sem o uso de terminologia confusa ou desnecessária. [2 pontos]
-
Coesão: as frases e parágrafos devem ser estruturados de forma a construírem um texto harmonioso. [2 pontos]
-
Entendimento próprio: o texto deve exibir o que o autor compreendeu do texto, sem o uso de citações diretas para descrever conceitos e paráfrases ou cópias do texto sem qualquer indicação. Estes dois últimos casos configuram em plágio, o que pode configurar invalidação do trabalho. [1 ponto]
Conteúdo programático:
-
Introdução à problemática da mente e suas principais questões;
-
Leclerc, 2018, cap. 1.1-1.2
-
-
Intencionalidade
-
Leclerc, 2018, cap. 1.3-1.4
-
Brentano, 1874
-
Searle, 2002, cap. 01 (excerto)
-
Dennett, 1997, cap. 02
-
-
Dualismo de substância
-
Leclerc, 2018, cap. 2.1
-
Descartes, 1973, Meditação Sexta §§17-41
-
Ryle, 1970, cap. 01
-
-
Behaviorismo
-
Leclerc, 2018, cap. 2.2
-
Ryle, 1970, cap.
-
Putnam, 1975a
-
-
Identidade psicofísica tipo-tipo
-
Leclerc, 2018, cap. 2.3
-
Smart, 1959
-
Place, 1956
-
Kripke, 1972 (excerto)
-
-
Funcionalismo
-
Leclerc, 2018, cap. 2.4
-
Putnam, 1975b
-
Turing, 1950
-
Searle, 1980
-
-
Materialismo eliminativista
-
Leclerc, 2018, cap. 2.5
-
Churchland, 1981
-
Fodor, 1987
-
-
Monismo anômalo e identidade de ocorrência
-
Leclerc, 2018, cap. 2.6
-
Davidson, 1971
-
-
Naturalismo biológico
-
Leclerc, 2018, cap. 2.7
-
Searle, 2006, cap. 04
-
-
Fisicismo/fisicalismo e superveniência;
-
Leclerc, 2018, cap. 2.8
-
-
Consciência;
-
Nagel, 1974
-
Jackson, 1982
-
-
Conteúdo mental;
-
Leclerc, 2014
-
-
Mente 4e (estendida, enativa, incorporada/situada, e corporificada).
-
Alonso e Ramos, 2022
-
Obs.: O programa pode sofrer modificações ao longo do curso caso necessário.
Bibliografia:
ALONSO, B. G.; RAMOS, R. O. A marca do cognitivo e cognição 4E. In: Princípios: Revista de Filosofia, v. 29, n. 58, 2022, p. 24-48.
BRENTANO, F. Intencionalidade. Tradução Livre, 1874.
CHURCHLAND, P. M. O materialismo eliminativo e as atitudes proposicionais. In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1981], p. 283-307.
DAVIDSON, D. A mente material. In: TEIXEIRA, J. F. Cérebros, Máquinas e Consciência. São Carlos: EDUFSCar, 1996 [1971], p. 95-118.
DENNETT, D. Tipos de Mente: rumo à uma compreensão da consciência. Rio de Janeiro, 1997.
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
FODOR, J. A persistência das atitudes. In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1987], p. 308-341.
JACKSON, F. Qualia epifenoménicos. In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1982], p. 204-217.
KRIPKE, S. Nomeação e necessidade (excerto) In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1972], p. 218-227.
LECLERC, A. Uma Introdução à Filosofia da Mente. Curitiba: Appris, 2018.
___________. Externismo e Conteúdo Mental. In: BRANQUINHO, J; SANTOS, R. (orgs.). Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia Analítica. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2014.
NAGEL, T. Como é ser um morcego? In: Cadernos de História e Filosofia da Ciência, Série 3, v. 15, n. 1, 2005 [1974], p. 245-262.
PLACE, U. T. Será a consciência um processo cerebral? In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1956], p. 38-48.
PUTNAM, H. Cérebros e comportamento. In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011a [1975a], p. 19-37.
___________. A natureza dos estados mentais. In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011b [1975b], p. 49-62.
RYLE, G. O Conceito de Espírito. Lisboa: Moraes Editores, 1970.
SEARLE, J. R. Intencionalidade. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
_________. A Redescoberta da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
_________. Mentes, cérebros e programas. In: TEIXEIRA, J. F. Cérebros, Máquinas e Consciência. São Carlos: EDUFSCar, 1996 [1980], p. 61-95.
SMART, J. J. Sensações e processos cerebrais. In: BONJOUR L.; BAKER, A. Filosofia: textos fundamentais comentados. Porto Alegre: Artmed, 2010 [1959], p. 211-216.
TURING, A. Computação e inteligência. In: TEIXEIRA, J. F. Cérebros, Máquinas e Consciência. São Carlos: EDUFSCar, 1996 [1950], p. 19-60.
Lógica Dialética I
Manhã
Márcia Gonçalves
Ementa do Curso:
O objetivo central deste curso é compreender o sentido da lógica dialética de Hegel, por meio da leitura do segundo livro de sua obra Ciência da Lógica (1812-1816), publicado inicialmente em 1813 com o título A Doutrina da Essência.
Os objetivos específicos do curso, são compreender:
1. A diferença entre ser e essência
3. A essência como reflexão
4. A contradição dialética entre essência e aparência
5. A questão do fundamento
6. O problema da existência
7. O conceito de efetividade
8. O conceito de absoluto
Bibliografia
Bibliografia Principal:
HEGEL, G.W.F.: A Ciência da Lógica 1. A Doutrina do Ser. Trad. Christian G. Iber, Marloren L. Miranda e Federico Orsini. Petrópolis: Vozes, 2016.
HEGEL, G.W.F.: A Ciência da Lógica 2. A Doutrina da Essência. Trad. Christian G. Iber e Federico Orsini. Petrópolis: Vozes, 2017.
HEGEL, G.W.F.: Wissenschaft der Logik II. In: Werke in 20 Bände, Band 6. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1990.
HEGEL, G.W.F.: A Ciência da Lógica (Excertos). Seleção e tradução Marco Aurélio Werle. São Paulo: Barcarolla, 2011.
HEGEL, G.W.F.: Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio (1930). Vol. I: A Ciência da Lógica. Trad. Paulo Meneses. São Paulo: Edições Loyola, 1995.
HEGEL, G.W.F.: Wissenschaft der Logik. Erster Band: Die objektive Logik (1812/1813). Hrsg. von Friedrich Hogemann und Walter Jaeschke. In: Gesammelte Werke (GW), Bd. 11. Hamburg: Felix Meiner, 19781, 2019.
Bibliografia Secundária:
BOURGEOIS, Bernard: Dialética e absoluto em Hegel. In: Revista Eletrônica de Estudos Hegelianos. Revista Semestral da Sociedade Hegel Brasileira – SHB. Ano 2º - N.º 03 Dezembro de 2005 (http://www.hegelbrasil.org/rev03c.htm).
CHÂTHELET, François: Hegel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995.
FERRER, Diogo Falcão: Lógica e Realidade e o Problema da Fundamentação do Sistema. Lisboa: Faculdade de Letras.
GONÇALVES, Márcia Cristina Ferreira (Org.). O pensamento puro ainda vive: 200 anos da Ciência da Lógica de Hegel. São Paulo: Barcarolla, 2013.
GONÇALVES, Márcia C. F.: O Belo e o Destino: Uma introdução à filosofia de Hegel. São Paulo: Edições Loyola, 2001.
GONÇALVES, Márcia C. F.: Eticidade Trágica e Dialética Hegeliana. In: Ethica (Rio de Janeiro), v.5, n. 2, 1998 (ISSN 1413-8093), pp.94 – 113.
GONÇALVES, Márcia C. F.: A dialética entre arte e conceito na Fenomenologia do Espírito de Hegel. In: Revista Eletrônica de Estudos Hegelianos. Revista Semestral da Sociedade Hegel Brasileira – SHB (http://www.hegelbrasil.org/rev03g.htm). Ano 2º, nº 03, 2005 (ISSN 1980-8372).
GONÇALVES, Márcia C. F.: Uma concepção dialética da arte a partir da gênese do conceito de trabalho na Fenomenologia do Espírito de Hegel. In: Kriterion, Volume XLVI, Nº 112, julho a dezembro / 2005, pp. 260-272 (http:\\dx.doi.org\101590\S0100-512X2005000200010) (ISSN0100-512 X).
INWOOD, Michael: Dicionário Hegel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
JARCZYK, Gwendoline: Au confluent de la mort. L’universel e le singulier dans la philosophie de Hegel. Paris : Ellipses Édition, 2002.
JAESCHKE, Walter: Hegel Handbuch. Leben-Werk-Wirkung. Stuttgard, Weimar: J.B. Metzler, 2003.
LUFT, Eduardo: Para uma crítica interna ao sistema de Hegel. Porto Alegre: edipucrs,1995.
Ética I
Manhã
Daniel do Valle Pretti
Objetivo do curso
Investigar as relações entre a conduta humana, as paixões e a linguagem a partir de trechos de algumas obras clássicas da antiguidade grega, a saber, o Fedro de Platão, a Ética a Nicômaco e a Retórica de Aristóteles.
Justificativa
Como conduzir nossa própria vida? Esta certamente é uma das principais questões filosóficas desde a antiguidade. No diálogo Fedro de Platão essa questão aparece a partir de uma crítica ao discurso de Lísias sobre o amor. Lísias entende o amor como uma espécie de patologia, isto é, o amante seria aquele que, em razão das paixões que nutre pelo outro, não saberia mais conduzir sua vida tendo em vista seus próprios interesses. Algo que só poderia ser remediado por meio de um uso estritamente racional da linguagem. Assim, segundo o sofista, a melhor forma de conduzir a própria vida adviria de um aprimoramento no uso retórico da linguagem a fim de obter vantagens de toda sorte nas relações amorosas. A primeira parte da disciplina terá como objetivo analisar o segundo discurso de Sócrates, em que ele busca superar esta compressão dicotômica e empobrecida da alma humana, e dos potenciais de inteiração com o outro.
Em sua crítica ao conteúdo do discurso de Lísias, Sócrates apresenta uma compreensão filosoficamente muito mais elaborada do que seja a alma humana, e do modo como ela pode se relacionar amorosamente com o outro. Como nos indica Platão, a alma não pode ser pensada do mesmo modo como avaliamos um objeto da nossa experiência. Falamos da alma humana como se ela fosse uma parelha alada, em que um dos cavalos que a propulsiona, por natureza, seria capaz de ouvir as indicações de seu cocheiro, sua vontade ou seu ímpeto, enquanto o outro obedeceria apenas aos impulsos não refletidos do desejo. Assim, apesar das dificuldades de se lidar com as paixões, o amor se apresenta como uma instancia privilegiada para o desenvolvimento das virtudes na alma. O cuidado para consigo mesmo e para com o outro dariam assim a marca de um amor que conduziria seus participes à felicidade.
A segunda parte da disciplina dará continuidade ao estudo das paixões como elemento essencial para investigarmos as possibilidades de aprimoramento das condutas humanas. Contudo, não mais se centrando nas relações “de um para um”, como nos diz Platão, mas dando ênfase ao modo como as paixões correlacionam indivíduo e comunidade. Na Ética a Nicômaco, Aristóteles não caracteriza a virtude moral como uma paixão, nem como uma capacidade para se sensibilizar com uma determinada situação, mas pelo modo como costumeiramente agimos em determinadas situações. A questão, contudo, pode se tornar mais complexa quando levamos em consideração que os discursos são capazes de produzir efeitos nas paixões humanas, tornando mais claro ou mais nebuloso as condições de escolha do agente. Em razão disso, investigaremos o papel das paixões na formação do carácter humano a partir da teoria da ação aristotélica, encontrada nos livros II e III da Ética a Nicômaco, em diálogo com o livro II da Retórica.
Bibliografia Básica
PLATÃO. Fedro. Tradução de José Cavalcante de Souza. São Paulo: Ed. 34, 2016.
ARISTÓTELES. Ethica Nicomachea I 13 III 8: Tratado da Virtude Moral. Tradução, notas e comentários Marco Zingano. São Paulo: Odysseus, 2008.
___. Retórica. Tradução de Manuel Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2015.

História da Filosofia Contemporânea III
Noite
Daniel de Vasconcelos Costa
Objetivo Geral:
Introduzir às questões centrais sobre a mente e às principais posições da Filosofia da Mente.
Objetivos específicos:
-
Introdução à problemática da mente e suas principais questões;
-
Apresentação à noção de intencionalidade como marca do mental em Brentano;
-
Mente como Substância: discussão do dualismo de substância em Descartes;
-
Mente como Comportamento: análise do behaviorismo como estratégia científica e simplificação ontológica;
-
Mente como Cérebro: apresentação da tese da identidade psicofísica de estados mentais como tipo cerebrais;
-
Mente como Sistema: discussão do funcionalismo como computação e estrutura causal;
-
Eliminação da Mente: discussão do materialismo eliminativista como radicalização da tese fisicista/fisicalista;
-
Mente como Descrição: análise do monismo anômalo e da tese da identidade de ocorrência;
-
Mente como Emergente: discussão acerca do naturalismo biológico e da mente como estrutura emergente do corpo biológico;
-
Discussão sobre a tese fisicista/fisicalista e sobre a tese de superveniência;
-
Análise do problema difícil da consciência;
-
Análise das diferentes abordagens de conteúdo mental;
-
Introdução da noção de mente 4e (estendida, enativa, incorporada/situada, e corporificada).
Avaliação:
1ª Avaliação: Presença em sala de aula. A nota se dará de acordo com o percentual de presença em sala de aula dividido por 10. Exceções serão permitidas de acordo com a demonstração de necessidades particulares.
Ex.: 100% de presença = 10; 93% = 9,3; 71% = 7,1; 36% = 3,6.
2ª Avaliação: Realização de uma prova dissertativa que consistirá em uma ou mais perguntas a serem dadas no dia da prova, a ser realizada em sala de aula, em dia pré-estabelecido. Será permitido consulta dos textos básicos na hora da prova.
Critérios da avaliação:
-
Adequação: o texto deve efetivamente corresponder ao tema do trabalho, com uso dos conceitos corretos, e abordados em sala de aula e nos textos da disciplina. [5 pontos]
-
Clareza: a linguagem deve ser compreensiva, sem o uso de terminologia confusa ou desnecessária. [2 pontos]
-
Coesão: as frases e parágrafos devem ser estruturados de forma a construírem um texto harmonioso. [2 pontos]
-
Entendimento próprio: o texto deve exibir o que o autor compreendeu do texto, sem o uso de citações diretas para descrever conceitos e paráfrases ou cópias do texto sem qualquer indicação. Estes dois últimos casos configuram em plágio, o que pode configurar invalidação do trabalho. [1 ponto]
Conteúdo programático:
-
Introdução à problemática da mente e suas principais questões;
-
Leclerc, 2018, cap. 1.1-1.2
-
-
Intencionalidade
-
Leclerc, 2018, cap. 1.3-1.4
-
Brentano, 1874
-
Searle, 2002, cap. 01 (excerto)
-
Dennett, 1997, cap. 02
-
-
Dualismo de substância
-
Leclerc, 2018, cap. 2.1
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Descartes, 1973, Meditação Sexta §§17-41
-
Ryle, 1970, cap. 01
-
-
Behaviorismo
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Leclerc, 2018, cap. 2.2
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Ryle, 1970, cap.
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Putnam, 1975a
-
-
Identidade psicofísica tipo-tipo
-
Leclerc, 2018, cap. 2.3
-
Smart, 1959
-
Place, 1956
-
Kripke, 1972 (excerto)
-
-
Funcionalismo
-
Leclerc, 2018, cap. 2.4
-
Putnam, 1975b
-
Turing, 1950
-
Searle, 1980
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-
Materialismo eliminativista
-
Leclerc, 2018, cap. 2.5
-
Churchland, 1981
-
Fodor, 1987
-
-
Monismo anômalo e identidade de ocorrência
-
Leclerc, 2018, cap. 2.6
-
Davidson, 1971
-
-
Naturalismo biológico
-
Leclerc, 2018, cap. 2.7
-
Searle, 2006, cap. 04
-
-
Fisicismo/fisicalismo e superveniência;
-
Leclerc, 2018, cap. 2.8
-
-
Consciência;
-
Nagel, 1974
-
Jackson, 1982
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Conteúdo mental;
-
Leclerc, 2014
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-
Mente 4e (estendida, enativa, incorporada/situada, e corporificada).
-
Alonso e Ramos, 2022
-
Obs.: O programa pode sofrer modificações ao longo do curso caso necessário.
Bibliografia:
ALONSO, B. G.; RAMOS, R. O. A marca do cognitivo e cognição 4E. In: Princípios: Revista de Filosofia, v. 29, n. 58, 2022, p. 24-48.
BRENTANO, F. Intencionalidade. Tradução Livre, 1874.
CHURCHLAND, P. M. O materialismo eliminativo e as atitudes proposicionais. In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1981], p. 283-307.
DAVIDSON, D. A mente material. In: TEIXEIRA, J. F. Cérebros, Máquinas e Consciência. São Carlos: EDUFSCar, 1996 [1971], p. 95-118.
DENNETT, D. Tipos de Mente: rumo à uma compreensão da consciência. Rio de Janeiro, 1997.
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
FODOR, J. A persistência das atitudes. In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1987], p. 308-341.
JACKSON, F. Qualia epifenoménicos. In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1982], p. 204-217.
KRIPKE, S. Nomeação e necessidade (excerto) In: MIGUENS, S.; PINTO, J. A.; AMEN, M.; DIAS, M. C. (orgs.). Filosofia da Mente: uma antologia. Porto, 2011 [1972], p. 218-227.
LECLERC, A. Uma Introdução à Filosofia da Mente. Curitiba: Appris, 2018.
___________. Externismo e Conteúdo Mental. In: BRANQUINHO, J; SANTOS, R. (orgs.). Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia Analítica. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2014.
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